O Surdo e a educação

Eu, como deficiente auditivo, tenho a autoridade para afirmar o que vou escrever em linhas posteriores.

Quando eu comecei a conhecer e intergari neste mundo, o meu primeiro meio de comunicação foram os sinais (não mímica, não confundam por favor!) que eram efetuados de forma organizada e mais prática do que o nosso idioma (O português). Não conhecia uma letra sequer do alfabeto tradicional. O que diria de falar então?

Nesse mundo do "silêncio" eu aprendi, pro exemplo a pescar de tarrafa, aprendi a fazer uma horta, aprendi a nadar e aprendi a caminhar, somente utilizando os gestos. 

No etanto com o passar dos anos, eu percebi que eu e meu irmão erámos alvos de chacota, de piadas execráveis por aqueles que deveriam, em primeira análise nos apoiar. Mas não! E para que? São dois coitados, idiotas, criados por um casal de surdos!

Era evidente que ambos não entendíamos e acompanhávamos as risadas daquela situação. A cena de fato era irritante. Com o passar do tempo e convivendo com os surdos e por vezes solitariamente eu fui crescendo e conversando através dos sinais. Éramos felizes!

As coisas aceleram, atropelam e não tinha como deixar de ser; fomos à escola. Onde fui aprender a ler, escrever e a FALAR! Não era um absurdo? 

Embora, eu tivesse a surdez parcial, não foi fácil a adptação. Consegui superar todas as dificuldades me formei no Instituto Estadual de Educação, fiz o magistério na Escola Jairo Callado, fiz o técnico contábil da Academia do Comércio de Santa Catarina, o técnico administrativo também na mesma escola, ate´pouco tempo concluí o curso técnico em transação imobiliário, além de ser auto-didata em muitos assuntos.

Eu muito cedo percebi, que se desejasse superar as minhas dificuldades, basicamente eu deveria me ater à leitura e a escrita. Isso graças a orientação do meu avô paterno e de meu professor de português, no ginásio, Prof. Celestino. Ele me dizia: Esqueça a dicção, preocupe-se com a escrita e aleitura e depois faça a dicção. Outra coisa que ele me dizia: - Quando estiveres escrevendo, o faça em voz alta e assim você vai entender o que está falando.

E porque esse relato?

Muito simples: - No topo eu afirmo com veemência a minha especialização, quanto a essa questão. Lutei, luto e lutarei para que o surdo, primeiramente aprenda a ler e a escrever. Entendo que esta é a melhor forma de contato com o mundo exterior. Ele precisa conhecer o amiúde da gramática para poder então ter o discernimento da língua e poder de forma simples e objetiva, interagir com a linguagem de sinais. Só assim é que poderemos tirá-los do semi-alfabetismo. 

Isso me inocmoda muito, só vejo medidas paliativas para justificar os processos de governantes dizendo-se preocupados com a inclusão do surdo no contexto educacional. Isso é engodo!

Intérpretes em salas de aula não resolvem, pois os mesmos não tem o preparo de um docente. O professor tem e deve conhecer profundamente para interagir diretamente com o aluno surdo e não através de intermediários. Isso é o que acontece hoje.

Alguns cínicos me dizem: Tem surdos com diploma de nível superior. Eu respondo: Peça para ele ler um editorial de um jornal qualquer e me diga.

É preciso respeitar e dar um ensino de qualidade e de forma efetiva para que ele tenha as mesmas condições de comunicação com qualquer ouvinte. É preciso decência e não de políticas paliativas sem qualquer crédito.