Nascia em 1928 em Florianópolis, Capital de Santa Catarina, aquele que seria o precursor da língua gestual em Santa Catarina. Francisco Lima Junior, filho da Senhora Augusta Lima e de Francisco Lima. Seu pai, era um homem importante na capital, sendo diretor da empresa de transporte marítimo "Hoepcke", ao perceber que seu filho era portador da surdez tratou de buscar uma escola especializada na educação do surdo. Localizou no Rio de Janeiro, o INES- INSTITUTO NACIONAL DE SURDOS, uma instituição voltada para os portadores de surdez. Era uma escola em regime de internato, onde Francisco concluiu os seus ensinos com méritos. Posteriormente esteve no Instituto Paulista de Surdos, onde foi buscar conhecimentos nas áreas de impressão gráfica, artes, datilografia e educação desportiva. E, finalmente, concluiu com êxito sua formação como técnico contábil. Conhecimentos esses que lhe permitiram aperfeiçoar em transmitir aos surdos Catarinense.

Já de volta à sua cidade natal, coloca em prática um projeto que alimentara quando ainda estava estudando em São Paulo: - Alfabetizar e qualificar os surdos nos cursos que havia recém formado.

No entanto, sua maior preocupação era com as crianças surdas, que estavam fora das escolas regulares por não terem professores preparados para o ensino das mesmas. Essa éra uma situação muito difícil que ele resolveu encarar. E para isso, contou com a ajuda de seu pai na busca de soluções que pudesse permitir atenuar essa situação. Assim vai aos gabinetes das autoridades locais na busca de um espaço que lhe permitisse lecionar. Após muito de lutar, finalmente consegue o seu primeiro espaço, um pequena garagem na rua Francisco Tolentino. Aos seus primeiros alunos começa a utilizar a linguagem gestual, permitindo-lhes a conhecer as primeiras palavras do português em LIBRAS. 

Nas noites de quarta, em sua casa, alfabetizava os adultos.

 Muito embora houvesse barreiras que tentavam impedir a sua procura, jamais desistiu. Visitou casa por casa, bairro por bairro. Primeiramente em Florianópolis em seguida São José, Blumenau, Joinville, Itajaí e Lages. Se hoje é difícil, imagine a 5 décadas atrás. Ele foi um guerreiro tenaz em sua ansia de criar condições para que surdos tivessem as mesmas oportunidades que ele teve. Ele é de uma casta rica, é verdade. Mas seus pais o compreendiam e o ajudavam nessa ingrata tarefa. Pouco lhe importava a condição social ou financeira dessas pessoas. O que queria era ver o surdo com educação e que pudesse ter uma vida digna, com respeito.

Já em 1955 é qualificado como professor, com formação no magistério. E no governo do Sr Ivo Silveira é formalizada a 1ª sala de surdos para fins de alfabetização, na Escola Básica Governador Celso Ramos, na Prainha, na capital Florianópolis.

Além de sua dedicação na educação, preocupava também no convívio social dos mesmos. Pois os surdos reuniam-se aos sábados em sua casa, na rua Alves de Brito, na capital Florianópolis, estado de Santa Catarina. Assim nascia em 18 de agosto de 1955, a 1ª associação em Santa Catarina e a 3ª no Brasil; - CSMSC - Círculo dos Surdos e Mudos de Santa Catarina, nos dias atuais transformada em ASGF - Associação de Surdos da Grande Florianópolis.

Franscico sempre foi contra a oralização do surdo, o que ele mais desejava era que o surdo pudesse ser alfatizado da forma que ele mais conhece: - LInguagem das mãos. Foi um defensor tenaz.

Depois dos longos anos de luta, retira-se do palco o falecimento de sua mãe o deixa muito abatido, mas tinha ainda o seu pai como companheiro. Muda-se da rua Alves de Brito e vai morar na rua Domingos Pedro Hermes em São José, Santa Catarina. A idade pesa e cansa, já não tem mais a mesma força e recolhe-se à solidão, anos depois seu amado pai, vem a falecer, ele se abate ainda mais. Recebia esporadicamente alguns amigos fiéis para algum tipo de festividade. Já não tinha ânimo para qualquer tipo de evento, preferindo ir a um lugar calmo, em São Pedro de Alcântara, propriedade dos parentes de sua fiel companheira - Dária Guesser.

Em 2012, acometido de um grande mal que lhe combaliu o seu corpo frágil e respirando por aparelhos, esse bravo guerreiro morreu no esquecimento de todos.