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O Zagueiro-Herói

Ao vasculhar as relíquias do passado, olhei para uma foto que me lembrou uma história que meu pai me contou. Muito, mas muito engraçada e inusitada.

Antes de tudo quero colocar que para o surdo, não há só lado ruim mas também um lado bom em qualquer coisa que aconteça.  O mais importante é estar de bem com a vida. Aprendi muito com essas criaturas.

Vamos a história:

Ante uma platéia de amigos, surdos naturalmente, meu pai conta um fato no mínimo curioso.

Havia um jogo acontecendo no campo da Marinha entre os surdos de um lado e ouvintes do outro. Isso um sábado a tarde e com público razoável. 

O meu pai começou a contar, entre os sinais e risada, lembrando do fato. Pois estava lá, presente. Ele conta que o jogo estava bom, bem disputado, um zero a zero encardido. Mas o nosso personagem, Ivo que autuava na partida, a contragosto, como zagueiro. Vocês já imaginaram um cara de 1,65 cm jogando na defesa? Baixinho né? Lateral, tudo bem! mas zagueiro? É complicado, mas deixa pra lá!

Vamos ao jogo: a bola ia e a bola voltava e o nosso "zagueiro" nem aí! Olhava para um lado e para o outro. E quando a jogada vinha em direção dele, o que fazia? Ia para cima, nada... qual, o cara corria em outra direção. E quando o pessoal reclamava: - Ele respondia, não queria jogar. Felizmente o jogo ainda esta zero a zero. Mas aconteceu um lance interessante: A bola do meio de campo veio chutada, o goleiro saiu em direção do atacante atabalhoadamente e o mesmo chutou em direção do gol e o que aconteceu? advinhe!

Não ia saber mesmo. Não é que a bola atingiu "mortalmente" a cabeça do nosso zagueiro, que naquele momento estava mais interessado em observar os detalhes de sua camisa, e desviou para linha de fundo!

Agora o mais engraçado: - O zagueiro-herói, desmaiou! É acreditem, desmaiou! Foi um alvorçoo sem tamanho. O Ivo, ali, estatelado, parecia um gambá morto. Chega o médico para o atendimento e nesse exato momento, ele acorda e saí em direção ao que ele pensou que o havia agredido, querendo brigar. Foi um Deus nos acuda, até o homem parar.

Ao encerrar essa "aventura", o meu pai ria copiosamente e o Ivo presente protestava, dizendo que não era bem assim. E os presentes, todos, começaram a rir e a gozar. Ele esbravejou, gesticulava, dizendo que não iria mais a casa meu pai. Ficou furioso, percebendo que todos ainda estavam, ali, rindo. Foi para dentro de nossa casa, pediu à minha mãe um copo d"água e ficou mais calmo. Retornou ao grupo dizendo que iria dar o troco.

Áh! para encerrar o jogo ficou empatado, graças a ação do nosso Super zagueiro Ivo.

Essa foi uma das mais hilariantes histórias narradas por eles. 

Espero que tenham apreciado.