Essa aconteceu em 1.995, durante um evento em Joinville, aniversário da Associação dos Surdos de Joinville.
Eu era presidente da Federação e como sempre, coordenava todos os trabalhos da competição juntamente com a minha diretoria. Pois uma coisa que detesto é a desorganização.
Eu não um presidente que ficava sentando, observando e dando ordens. Não, esse não era e não é o meu perfil. Sou participante ativo, sabia e sei que se desejasse que tudo corresse bem, eu deveria estar presente, atuando e assim o fiz.
Pois como já coloquei anteriormente, os nossos torneios acontecem apenas em um dia e sempre aos sábados encerrando com um baile de confraternização e entrega de premiações.
Pois muito bem! - Nesse dia, em Joinville, cheguei pontualmente as 08:00 horas da manhã, organizando tudo, averiguando os detalhes para que tudo corresse bem.
Ao fazer a avaliação eis que me surge um contra-tempo: - Estava faltando um árbitro para dar início o torneio de volei feminino. Rapidamente, mandei as equipes confrontantes entrarem em quadra. Fato interessante, todos se entreolharam, como se perguntassem; - Como? sem juiz?
Eu antecipei ao pensamento; - Calma eu vou dar início até o árbitro chegar. E assim foi feito em conssonância das equipes envolvidas. Ao iniciar o segundo set, apareceu o árbitro que deu a sequência e assim me permitiu dar continuidade ao meu trabalho de gerenciamento ao evento.
Como de praxe, eu passo por todas as instalações que estejam acontecendo as competições para aferir a normalidade e assim, passe no ginásio onde estava acontecento o jogo entre a ADAF (Associação dos Deficientes Auditivos de Florianópolis) e a ASBLU (Associação de Surdos de Blumenau).
O jogo transcorria normalmente até que o goleiro, Rodrigo, da equipe da ADAF, bateu com a cabeça na trave superior e caiu desmaiado. Ao fazer os primeiros procedimentos e percebendo que havia a necessidade de levá-lo ao hospital. Eu imediatamente, fui diretamente ao Hospital São José, acompanhado pelo presidente da Associação de Joinville, Sr. Alírio, onde prontamente o jovem foi atendido e encaminhado para o devido atendimento.
Após algumas horas de angústia, o médico que o atendeu, disse que ele estava bem, mas que precisava ficar em observação até 24 horas e que nós poderíamos ir embora. Deixei com o plantonista o meu nº do celular e fui para o evento, mais tranquilo. Certamente e teria que ficar mais um dia, mas o que eu poderia fazer? Era a minha função.
Como tudo acabou bem e após o encerramento dos trabalhos, nos dirigimos ao clube que sediou o evento social.
Já lá dentro, ultimando os detalhes da festa, fui interrompido, por uma solicitação na recepção. Lá chegando, sem entender, observei algumas pessoas rindo e outras sérias e eu não sabia do que se tratava, mas a medida que eu ia em direção à portaria, observei uma roda e no meio dela o personagem que eu menos esperava: - O nosso "hosptalizado, somente com a roupa do hospital, sem nada por baixo. Imaginem o meu espanto com aquela situação.
Eu perguntei o que ele estava fazendo ali? O lugar dele era cama do hosptial.
Ele, muito cara de pau: - Não aguentei ficar muito tempo deitado, muito chato ficar sozinho.
Indaguei curioso: - Como chegaste até aqui?
Ele: - Não foi fácil, tive que me esconder atras da porta, andar devarzinho, correr até que consegui sair.
Eu: - Sim, mas de lá até aqui é longe.
Ele: - Eu pequei o onibus, uma pessoa ficou com pena e me ajudou.
Então vais voltar, a responsabilidade é minha. - Falei!
Ele: - Por favor não, estou bem, eu juro! Eu quero ficar.
Olhei muito sério e chamei o presidente da ADAF, o Sr. Geraldo. Orientei-o para ficar de olho a noite inteira se de houver algum problema, ele retorna para o hospital.
Encarei-o muito sério: - Não vai beber nada, nem refrigerante, só água. Entendeu bem?
Ele: - Sim... Sim.. Eu vou me comportar, "papai"
Não aguentei e dei muita gargalhada, no que fui acompanhado por todos..
Por muito tempo, o pessoal ficou zoando..
Olha, se não fosse perigoso, seria engraçado.
Foi um fato realmente, ao mesmo tempo preocupante e engraçado!