Numa bela manhã de um céu azul anil, corri até a praia, olhando para a extensão do horizonte do mar com suas águas cristalinas. O sol ainda nem havia dado o ar da graça, quando eu e o Alésio, meu amigo de todas as horas, colocamos a pequena embarcação (mais conhecida como bateira), para a beira da praia. Colocamos todos os apetrechos necessários a uma aventura. Pois o dia prometia e como!
Singramos mar adentro, remando, não havia como haestear a vela, pois a brisa que soprava do norte mal sacudia o pano. Começamos a rir, já naquela hora tínhamos que fazer força.
O sol começou a surgir no horizonte, ante os nossos olhos, que a todo custo evitávamos olhar à frente. E assim fomos, até nos aproximarmos de uma pequena ilha, no meio da enseada.
Após aproximadamente uma hora de navegação, estávamos exausto, mas felizes. Mar calmo, sem correnteza, isso significaria uma ótima pescaria. Assim colocamos uma pedra amarrada em uma corda que servia como âncora, evitando da bateira "andar", arrastada pela correnteza fraca, mas que nos impediria de executarmos a tarefa da qual nos propunhámos.
Preparamos as linhas e anzóis e lançamos ao mar, ficando na expectativa de uma pescaria de sucesso.
Entre uma "linhada" e outra ficávamos a conversar para passar o tempo. Mas nesse dia, não houvera muito tempo para isso. Pois para nossa surpresa, a nossa pescaria estava sendo muito proveitosa o que nos deixava muito satisfeitos. Uma vez que o produto seria vendido e o lucro dele iria servir para o nosso sustento. Afinal, os nossos pais não eram ricos o suficientes que nos permitissem a diversões comum entre os adloescentes.
Estávamos muito animados com o sucesso que nem percebemos que o mar estava começando a encrespar. O que significava chegada de ondas altas e fortes. Mas dois adolescentes desinformados e felizes, não deram a mínima importância, achando que teriam tempo para sair antes da tempestade.
Ledo engano, formou-se tão rapidamente que nem deu para tirar as linhas da água. Agimos rapidamente, içando a vela na pequena bateira e rumamos em direção à praia. O vento assoviava violentamente, como se quisesse nos castigar pela nossa estupidez e arrogância. Fiquei apavorado, e não era para menos. As ondas formavam um vácuo de aproximadamente três metros de altura e viámos o buraco assustador. O nosso Barco de 03 metros, nada mais era do que uma caixa de fosforo, tentando não cair no ralo da pia. Lutamos contra a fera de forma bravia, conseguimos navegar, mais ou menos uns 800 metros e aí não teve jeito. Pegamos uma onda de frente que nos jogou para fora emborcando a nossa pequena embarcação.
A nossa sorte é que ambos, somos exímios nadadores e assim conseguimos chegar à praia, deixando tudo para trás.
Respirávamos profundamente e quando nos encaramos, começamos rir ao extremo de nossa aventura e a sorte de estarmos ali, exaustos, porém vivos.
Então começou a chover e o vento aumentou a sua força. Saímos em direção às nossas casas. Fui para casa pensando no que iria dizer ao meu pai. Afinal a bateira era o xodó dele e o que dizer do equipamento de pesca, pois tudo fora levado pelo mar.
Quando cheguei, nada disse, tomei um banho e depois fui para o quarto, me deitei pensando na aventura que havia passado e adormeci.
Já anoitecia quando me levantei e pensei: - O que vou dizer? Sem nada mais pensar, saí em busca da bateira. Fui andando pela praia no sentido sul, ora passando por faixas secas, ora por faixas alagadas. Caminhei aproximadamente 02 quilometros, estava propenso a desistir, quando vi um pequeno barco. Pensei: - meu Deus que seja a canoa do meu pai! Corri feito louco e quando lá cheguei, minha alegria extravou: - gritei, cantei, pulei. Superfeliz por ter recuperado a bateira, olhei em volta vi os remos, a haste da vela quebrada, o balaio sem os peixes, naturalmente.
Coloquei a bateira na posição normal e a trouxe de volta, remando e cantando sob um céu estrelado e iluminado por uma linda lua cheia que acabara de despontar do leste.