São Paulo ensaia um novo boom de venda de imóveis

São Paulo ensaia um novo boom de venda de imóveis


atualizado | 02-10-2013 | 09:22:54 | JornaldoSurdo



O mercado imobiliário da cidade de São Paulo apresentou o terceiro melhor resultado nas vendas dos lançamentos residenciais da história para o mês de agosto.

Foram negociadas no mês 3.464 unidades novas, segundo dados obtidos pela Folha com o Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário) -alta de 86% em relação ao mesmo período do ano passado.

O volume é inferior apenas ao vendido no mês nos anos de 2008 e 2009. Na ocasião, o setor vivia um "boom" de lançamentos, posterior à abertura de capital de boa parte das incorporadoras em 2007, que injetou dinheiro no mercado.

A pesquisa com a atual metodologia começou em 2004.

No acumulado do ano, as vendas subiram 46% em relação ao mesmo período de 2012. O resultado foi puxado pelo segmento de um dormitório, nicho de investidores, que apresenta neste ano recorde histórico nas vendas.

O total comercializado até agosto de imóveis de um quarto (5.601 unidades) supera os números de todo o ano passado (4.202). Essas unidades compactas são um dos focos dos lançamentos em bairros de alto padrão ou próximos a centros financeiros.

Em cenário de juros mais baixos e com menor rendimento das aplicações financeiras, esse tipo de imóveis ganhou a preferência dos investidores. São um meio de garantir rentabilidade com aluguel, já que as unidades menores são locadas de forma mais rápida.

O investimento nessa tipologia ganhou força também em razão do excesso de salas comerciais lançadas nos últimos anos, outro nicho de investidores.

"Vai haver uma entrega um pouco elevada de salas no fim do ano ou até o começo do ano que vem. Isso fez com que o investidor migrasse desse produto para o imóvel de um dormitório, com uma boa relação entre custo e rentabilidade", diz Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP.

Neste ano, construtoras organizaram ações promocionais para reduzir o estoque, oferecendo descontos que em alguns casos chegavam a 30% do valor do imóvel, o que se refletiu na alta dos demais segmentos.

Nos lançamentos, houve elevação de 38% no acumulado de janeiro a agosto na comparação com o mesmo período do ano passado, para 18.261 unidades.

RECUPERAÇÃO

Uma recuperação do mercado imobiliário paulistano era esperada, já que o ano passado apresentou recuo de 27% nos lançamentos e ligeira queda nas vendas.

Ainda assim, os números surpreenderam parte do mercado, que prevê necessidade de redução no número de lançamentos para equilibrar oferta e demanda, caso os lançamentos não se reduzam logo.

"Se o setor continuar crescendo forte, em algum momento vai ter que dar um ajuste, até o final do ano ou até o começo do ano que vem", diz Bernardes. "O nível de crescimento está incompatível com o restante da economia e com o mercado imobiliário do país."

Segundo ele, o Rio cresce em ritmo menor que o de São Paulo e, nas outras cidades, há estabilidade ou decréscimo. "São Paulo se justifica por ser uma economia muito pujante, mas nem tanto."

Para Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do SindusCon-SP (sindicato da construção), porém, não há motivo para preocupação e a única incerteza diz respeito ao Plano Diretor, em discussão na Câmara.

De acordo com ele, a renda e o volume de crédito para financiamento estão em bom nível, e a demanda por imóveis continua forte, o que leva a um crescimento "saudável" do mercado.

"Em muitas outras capitais do Brasil, a demanda caiu, mas em São Paulo continua muito forte", afirma.

  Editoria de Arte/Folhapress  

com a Folha de S.Paulo