Rússia diz ter detectado lançamento de dois mísseis no Mediterrâneo.
atualizado | 03-09-2013 | 07:34:36 | JornaldoSurdo
O Ministério da Defesa da Rússia informou nesta terça-feira que seus radares detectaram o lançamento de dois mísseis a partir do Mediterrâneo central em direção à região oriental, onde está a Síria.
Os lançamentos aconteceram às 10h16 de Moscou (3h16 de Brasília) e foram detectados pelo sistema de alerta em Armavir, sul da Rússia, segundo um comunicado do ministério.
"O ministro da Defesa, Serguei Shoigu, informou o presidente russo Vladimir Putin, comandante em chefe das Forças Armadas", acrescenta o comunicado.
Ao mesmo tempo, um porta-voz militar israelense declarou que o exército do país não estava a par de disparos de mísseis no Mediterrâneo.
Na segunda-feira, a Rússia enviou um navio de reconhecimento e de vigilância eletrônica ao Mediterrâno.
Um grupo de navios faz uma operação permanente de observação e análise das atividades militares ao redor da Síria, segundo Moscou.
Principal aliado do ditador sírio Bashar Al-Assad, Moscou continua entregando armas a Síria, onde dispõe de uma base militar permanente no porto de Tartus, 220 km ao noroeste de Damasco.
ATAQUE
Assad advertiu ontem (2) sobre o risco de uma guerra regional em caso de intervenção dos Estados Unidos e países aliados no país. A missão militar é defendida pelo presidente Barack Obama como uma retaliação ao ataque químico, em 21 de agosto, supostamente realizado pelo regime sírio.
Segundo os americanos, que acusam Assad, a ação deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças. Se confirmado, será o pior incidente com armas químicas em 25 anos.
Em entrevista ao jornal francês "Le Figaro", publicada na segunda-feira, Assad afirmou que o Oriente Médio é um barril de pólvora e que o fogo se aproxima, em referência à expansão do conflito no país para outras áreas da região.
"O Oriente Médio é um barril de pólvora e o fogo se aproxima. O risco de uma guerra regional existe. Não temos que falar só da resposta síria, mas também o que poderia acontecer após o primeiro ataque. Ninguém sabe o que aconteceria. Todo mundo perderá o controle da situação quando o barril explodir".
O mandatário voltou a desafiar os Estados Unidos, a França e outros países a apresentarem provas de que ele usou as armas químicas. "Desafiamos os Estados Unidos e a França a aparecer com um pedaço sequer de prova. Obama e Hollande têm sido incapazes de fazer isso".
Ele voltou a negar qualquer participação nos ataques químicos e disse ser ilógica a acusação de uso de armas químicas. "Suponha que os nossos militares quisessem usar armas de destruição em massa: é possível fazê-lo em uma área onde eles próprios foram feridos por elas? Onde está a lógica?".
E criticou o governo francês por seu apoio aos rebeldes. "Qualquer um que contribua para o reforço financeiro ou militar dos terroristas é inimigo do povo sírio. Se as políticas do Estado francês são hostis ao povo sírio, o Estado será inimigo", afirmou. "Haverá repercussões, negativas é claro, sobre os interesses franceses."
CARTA
Mais cedo, o regime sírio pediu à ONU que impeça "qualquer agressão" contra o país, em referência a uma intervenção estrangeira comandada pelos Estados Unidos. No sábado (31), o presidente Barack Obama defendeu uma ação armada contra Assad.
No entanto, o mandatário submeterá a ação militar a votação no Congresso americano, que encerra o período de recesso no dia 9. Caso não haja antecipação na data, as tropas do ditador sírio terão uma semana para preparar o terreno e conseguir apoio internacional contra o uso da força.
Em carta enviada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e à presidente do Conselho de Segurança, a argentina Maria Cristina Perceval, o embaixador da Síria na ONU, Bashar Ja'afari, fez um pedido para que se evite "qualquer agressão contra a Síria e pressionar para que se alcance uma solução política".
De acordo com nota da agência de notícias Sana, Damasco pede que o Conselho de Segurança "mantenha seu papel de garantidor da segurança para evitar o uso absurdo da força fora das regras de legitimidade internacional".
com a Folha de S.Paulo