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Brasil só voltará a crescer 4% se a ...

Brasil só voltará a crescer 4% se a produtividade subir 3%


atualizada | 26-12-2013 | 15:20:46 | JornaldoSurdo



Segundo estudo do Ibre/FGV, qualquer avanço no PIB acima de 1,2% a 1,4% ao ano dependerá dos ganhos de produtividade

Boa parte do baixo crescimento da produtividade está relacionada ao peso dos serviços na economia

Boa parte do baixo crescimento da produtividade está relacionada ao peso dos serviços na economia (Divulgação)

Um dos desafios que a economia brasileira enfrenta hoje para crescer em ritmo elevado é aumentar sua produtividade. Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) traduziram esse desafio em números: somente com uma alta média de 3% ao ano na produtividade do trabalho será possível a economia crescer na casa de 4% ao ano, de 2012 a 2022. O estudo é assinado por Régis Bonelli e Júlia Fontes e ilustra o livro Ensaios Ibre de Economia Brasileira.

Qualquer avanço no Produto Interno Bruto (PIB) acima de 1,2% a 1,4% ao ano dependerá dos ganhos de produtividade. "O ganho de importância da produtividade é muito claro. E isso é especialmente grave porque o Brasil não está tendo ganhos elevados de produtividade nos últimos tempos", diz Bonelli.

De acordo com o estudo, boa parte do baixo crescimento da produtividade está relacionada ao peso dos serviços na economia. De 2000 a 2012, a produtividade nos serviços cresceu apenas 0,3% ao ano, abaixo da média da produtividade de todos os setores. Como os serviços empregam muita mão de obra, a produtividade nesses negócios depende mais de mão de obra qualificada e de sistemas de gestão do que de investimentos em maquinário. Assim, é mais difícil que o setor de serviços tenha um grande salto de produtividade. 

Nos restaurantes, o modelo a quilo representa um ganho, lembra Bonelli. Contudo, depois de dar o salto, somente o aprimoramento da gestão permitirá novos avanços. Isso ocorreu nos cinemas multiplex. Neles, ao contrário dos cinemas de rua, a bilheteria informatizada, que atende várias salas num só local, e a projeção digital permitem ter menos empregados.

Segundo o presidente da rede Cinemark, Marcelo Bertini, a produtividade está na digitalização dos projetores e na alocação do número de horas de trabalho por empregado em cada atividade (bilheteria, limpeza, bonbonnière, etc).

Obstáculos - A rigidez das leis trabalhistas é o principal entrave. "Nos Estados Unidos, você consegue estabelecer uma grade horária para os colaboradores bastante flexível", compara Bertini. "Aqui, uma vez que um colaborador é contratado para tais dias e horários, não pode mudar", diz.

Para o economista Naércio Menezes Filho, professor do Insper, a baixa produtividade está relacionada também à precariedade, geral, na gestão das empresas e ao baixo investimento em inovação. Um estudo publicado em 2010 na revista da Associação Econômica Americana coloca Brasil, Índia e China no fim de um ranking de 17 países em termos de práticas de gestão.

Na visão de Menezes Filho, má gestão e baixo investimento são fruto do baixo nível de competição no Brasil. "A empresa que não tiver crescimento na produtividade nos Estados Unidos é expulsa do mercado", diz.


com o Estadão Conteúdo