Mercado espera calote de R$ 44,5 mi de empresa de Eike
atualizado | 30-09-2013 | 10:46:17 | JornaldoSurdo
OGX deve pagar juros de títulos de dívida na 3ª-feira, mas credores creem que empresa tentará ganhar tempo e concluir negociações sobre reestruturação
Problemas de Eike Batista começaram com falta de credibilidade do empresário no mercado (Ricardo Moraes/Reuters)
A OGX, braço de petróleo do grupo EBX, de Eike Batista, estará no centro das atenções na próxima terça-feira, prazo para o pagamento de juros de títulos de dívida no valor de 44,5 milhões de reais. O mercado e até os credores da empresa estão certos de que a companhia vai dar o calote para ganhar tempo e concluir negociações sobre a reestruturação da dívida.
Conforme noticiou a coluna Radar, de Lauro Jardim, em duas semanas a OGX vai entrar com pedido de recuperação judicial, assim como a OSX, estaleiro do grupo de Eike, que detém contratos com outras empresas 'X.
De acordo com as regras estabelecidas no contrato do bônus, após o vencimento do pagamento dos juros, a OGX ainda tem 30 dias para resolver o problema antes de sofrer qualquer punição.
Durante o processo de recuperação judicial, as empresas devem criar um programa de gestão para saldar suas dívidas e continuar funcionando, evitando, assim, a falência. A recuperação judicial equivale à antiga "concordata". Esse processo garante proteção da empresa contra ações judiciais de credores. Em geral, os funcionários são os primeiros a serem ressarcidos.
Ao todo a petroleira deve cerca de 3,6 bilhões de dólares em bônus de dívida emitidos no exterior, sendo 1,06 bilhão de dólares que vencem em 2022 e outros 2,6 bilhões com vencimento em 2018. O pagamento da próxima terça-feira se refere aos juros sobre bônus para 2022, enquanto os bônus para 2018 têm um pagamento de cupom que vence em dezembro. As consultorias Lazard e Blackstone Group foram contratadas para ajudar a OGX a resolver seu problema de dívida.
A companhia levantou 4,1 bilhões de dólares em 2008 em uma Oferta Pública Inicial de Ações (IPO, na sigla em inglês). Em 2012, a OGX iniciou seu rápido declínio após dizer que não conseguiria cumprir as expectativas ousadas de produção que havia divulgado. No início deste ano, a empresa disse finalmente que a maior parte de seus campos de petróleo não eram economicamente viáveis e que tinha decidido paralisar atividades de desenvolvimento.
Eike Batista, que já foi o homem mais rico do Brasil, perdeu a maior parte de sua fortuna nos últimos 15 meses e o voto de confiança de financiadores. Segundo uma fonte, a OGX precisa atualmente de até 500 milhões de dólares e não tem acesso a novas linhas de crédito. A situação foi discutida com consultores financeiros em reuniões realizadas em Nova York, revelaram várias fontes. O valor das ações da empresa recuou mais de 90% até agora no ano.
com a Veja