Secretário do Trabalho nega irregularidades em convênios.
atualizado | 06-09-2013 | 11:49:02 | JornaldoSurdo
Sérgio Vidigal diz não ter assinado nenhum convênio com o Ceat, ONG apontada pela PF como carro-chefe de um esquema de desvio na pasta
Policial federal apreende documentos no Centro de Atendimento ao Trabalhador, em São Paulo (Divulgação/PF)
O secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho, Sérgio Vidigal, afirmou nesta quinta-feira que não assinou nem autorizou nenhum convênio com o Centro de Atendimento ao Trabalhador (Ceat), ONG apontada pela Polícia Federal como carro-chefe de um esquema de desvio na pasta. Vidigal, médico, ex-prefeito de Serra (ES), filiado ao PDT, assumiu o cargo em 12 de junho, convidado pelo ministro Manoel Dias. O contrato com a ONG foi firmado em 2008 e resultou, até 2011, no repasse de 47,5 milhões de reais para os cofres da entidade.
A PF diz que Vidigal mantém "relações próximas" com o padre Lício de Araújo Vale, diretor financeiro do Ceat, preso na terça-feira, sob acusação de peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O secretário disse que recebeu o religioso em seu gabinete em agosto.
"Foi agenda pública, como deve ser. Transparência absoluta. Conheço padre Lício, muito simpático. Ele não estava só, veio com outros da entidade. Eu os recebi de portas abertas. Falaram sobre os convênios, um vence em setembro, outro em dezembro. Mas não formalizaram nada comigo. Encaminhei-os ao Departamento de Emprego e Salário (DES)."
A PF mira dois assessores do ministério - Gleide Santos Costa, preso em flagrante por recebimento de propina de 30 000 reais, e Ivana Lúcia Zillig de Paiva.
"Estou no cargo há menos de 90 dias. Esses convênios são de 2008. Não assinei nenhum, nem com essa entidade, nem com outra", esclareceu Vidigal. Ele destacou que todos os convênios, obrigatoriamente, passavam por Gleide e Ivana, ambos com mais de quinze anos na pasta, atuando como assessores do DES, dirigido por Rodolfo Torelly.
Esquema - De acordo com a PF, o Ceat recebia verba do ministério, mas não aplicava tudo. Apesar de manter centros de intermediação de mão de obra (cerca de dez em São Paulo) a ONG subcontratava empresas de propriedade dos diretores do Ceat para prestar serviços nestes espaços - por meio de "licitações direcionadas". Uma delas recebeu 18 milhões de reais. Dessa forma, o dinheiro público que seria investido voltava ao bolso da diretoria - parte dela presa na terça-feira.
com Estadão conteúdo