"Brasil é o grande alvo dos EUA", diz jornalista que obteve documentos de Snowden.
atualizado | 04-09-2013 | 07:34:44 | JornaldoSurdo
O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que revelou os documentos secretos obtidos por Edward Snowden, disse em entrevista por telefone ao UOL que o Brasil é o maior alvo das tentativas de espionagem dos Estados Unidos. "Não tenho dúvida de que o Brasil é o grande alvo dos Estados Unidos", disse o jornalista, que promete trazer novas denúncias. "Vou publicar todos os documentos até o último documento que deva ser publicado. Estou trabalhando todo dia." Greenwald revelou esta semana, em reportagem em conjunto com o programa "Fantástico", da TV Globo, que o governo americano espionou inclusive os emails da presidente Dilma Rousseff e de seus assessores próximos. Snowden era técnico da NSA, a agência de segurança americana, e revelou ao jornal britânico "The Guardian", onde Greenwald é colunista, o escândalo de espionagem norte-americano. |
Jornalista do "Guardian", Glenn Greenwald participou de audiência pública no Congresso em agosto |
O governo brasileiro já cobrou uma resposta formal e por escrito à Casa Branca. Em nota, o Departamento de Estado americano disse na terça-feira (3) que "responderá pelos canais diplomáticos" aos questionamentos do Brasil. O departamento não comenta publicamente as denúncias, mas afirma que os EUA "sempre deixaram claro que reúnem inteligência estrangeira". Para o jornalista, o Brasil tem de dar uma resposta "enérgica" e "menos vaga" aos EUA.
Segundo Greenwald, o que motiva os EUA a espionar até mesmo aliados é o desejo por poder. "Sempre que os Estados Unidos estão fazendo espionagem o poder deles aumenta muito. Então, para saber tudo o que eles querem fazer, coletam tudo o que for possível. Mas com certeza é para obter vantagens industriais e também por questões de segurança nacional."
O jornalista mora no Brasil e namora um brasileiro, David Miranda, que foi parado pela polícia britânica e interrogado por nove horas, quando voltava de Berlim para o Rio de Janeiro no último dia 18.
Leia abaixo a entrevista de Greenwald ao UOL:
UOL - O que o senhor tem achado da posição da diplomacia brasileira após as últimas denúncias de espionagem contra a presidente Dilma Rousseff e assessores?
Que tipo de medida, de ação, o governo brasileiro poderia tomar diante dessas denúncias?
Esses documentos secretos mostram que houve espionagem, além do Brasil e do México, da presidente Dilma e do presidente do México [Enrique Peña Nieto], de outros líderes mundiais?
Sim, mas esses documentos foram extremos para mim porque se dirigem pessoalmente e especificamente [aos presidentes]... Os alvos foram esses dois líderes, de maneira pessoal. E tem outros governos que os Estados Unidos estão fazendo espionagem, claro. Há artigos que já escrevi com invasões [virtuais] de embaixadas ou consulados, coisas assim. Mas esse foi o primeiro artigo publicado em que a espionagem se dirige muito pessoalmente a líderes democráticos como alvo muito forte. Não estou falando que não tenham outros [líderes espionados], mas com certeza, até agora os dois [Dilma e Peña Nieto] foram os únicos [espionados] assim.
O senhor pretende buscar nesses documentos informações sobre outros líderes ou mesmo novas informações com relação ao Brasil?
Poderia citar alguns outros países que foram espionados?
Além de obter vantagens comerciais, o senhor vê alguma outra motivação para essa espionagem?
Nos documentos que o senhor tem em mãos, em algum deles aparece o conteúdo das interceptações?
O senhor teme sofrer alguma retaliação por conta dessas novas denúncias?
O que o senhor espera do governo americano? Que resposta eles podem dar diante dessas denúncias?
O senhor tem se comunicado com Edward Snowden com qual frequência?
Ele tem lhe passado novas informações?
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com Uol