Rússia rejeita acusações americanas contra o regime sírio
atualizado | 02-09-2013 | 09:30:30 | JornaldoSurdo
Chanceler do país contesta relatórios apresentados pelos EUA e pede provas concretas que apontem Bashar Assad como o culpado pelo ataque químico.
Especialista em armas químicas da ONU reúne provas em um dos locais do suposto ataque com gás venenoso no subúrbio de Damasco - (26/08/2013) - Ahmad Alshami/Reuters
Aliada do regime de Bashar Assad, a Rússia rejeitou nesta segunda-feira as evidências apresentados pelos Estados Unidos nos últimos dias que provariam que o ataque químico em Damasco partiu do governo sírio. "Mostraram relatórios que não continham nada concreto: nem coordenadas geográficas, nem nomes, nem provas que as amostras foram recolhidas por profissionais", declarou o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov. O político acrescentou que, quando a Rússia solicitou detalhes concretos sobre as investigações, os EUA se recusaram a entregar alegando que os documentos são secretos.
A resistência russa em admitir que o ditador sírio usou armas químicas contra civis acontece após uma enxurrada de novas revelações que enfraquecem a versão de que os rebeldes teriam feito o ataque para incriminar Assad. No domingo, o chanceler americano John Kerry afirmou que amostras de cabelo e sangue das vítimas do massacre deram resultado positivo para gás sarin. Dias antes, os EUA já haviam culpado Assad pelo ataque que, segundo a inteligência americana, matou 1 429 sírios. Ontem, a imprensa francesa revelou que os serviços de inteligência do país teriam provas de que o regime de Damasco possui 1 000 toneladas de armas químicas e agentes tóxicos.
Diante das evidências, Barack Obama decidiu, no sábado, pedir permissão ao Congressoamericano para realizar uma intervenção militar na Síria. As novas revelações, no entanto, não foram suficientes para mudar o posicionamento da Rússia. “O que nos foi apresentado antes e mais recentemente pelos nossos parceiros americanos, assim como britânicos e franceses, absolutamente não nos convence”, insistiu Lavrov. O ministro russo chegou até a contestar a veracidade dos vídeos veiculados na internet que mostram o sofrimento das vítimas dos bombardeios do regime, argumentando que ainda há “muitas dúvidas” sobre a procedência das imagens.
Os agentes dos nervos
Sarin
Um líquido incolor, insípido e inodoro, solúvel em água. É o mais volátil dos agentes nervosos — e um dos mais tóxicos —, sendo facilmente convertido em gás, o que o torna bastante útil como arma de guerra. Foi descoberto em 1938 por cientistas alemães que estudavam o desenvolvimento de pesticidas. Em 1994 e 1995, foi utilizado em ataques terroristas no Japão.
Tabun
Líquido incolor, insípido e solúvel em água, possui odor levemente frutado. Foi o primeiro gás dos nervos descoberto – em 1936, por um pesquisador alemão que buscava desenvolver inseticidas mais poderosos que os comuns. O ditador Saddam Hussein foi acusado de usá-lo na guerra contra o Irã, nos anos 1980.
Soman
Líquido incolor, insípido e solúvel em água, possui odor semelhante ao da cânfora. Foi sintetizado em 1944 por um pesquisador alemão que estudava os efeitos do Sarin e do Tabun. Apesar de ter sido descoberto já durante a Segunda Guerra Mundial, não foi utilizado no conflito.
VX
Líquido oleoso, de coloração âmbar e sem cheiro. É o menos volátil de todos os agentes nervosos, se assemelhando com o óleo. Pode ser usado no campo de batalha, no entanto, na forma de aerossol. Foi desenvolvido no Reino Unido no começo dos anos 1950, a partir de estudos sobre outros gases dos nervos, já para ser usado como arma de guerra.
com a Veja