SÃO PAULO, 30 Ago (Reuters) - O crescimento do Brasil no segundo trimestre foi mais forte que o esperado pode recompor a confiança na economia e o país deve voltar a ter uma expansão anual média de 4 por cento em 2014, disse nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
A economia brasileira cresceu 1,5 por cento no segundo trimestre sobre os três meses iniciais de 2013 e 3,3 por cento contra um ano antes, informou mais cedo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado, cujos destaques foram principalmente o avanço dos investimentos e o desempenho da agricultura, ficou bastante acima da estimativa de expansão de 0,9 por cento, segundo pesquisa Reuters com analistas e economistas.
"Mesmo com desafios, estamos mantendo e até acelerando crescimento, mostrando que o Brasil está preparado para atravessar momentos difíceis na economia internacional", disse Mantega a jornalistas, em entrevista coletiva para comentar os números do PIB.
"Com o resultado do segundo trimestre, podemos ter recomposição da confiança na economia brasileira", afirmou.
Inflação elevada, fraco crescimento da atividade e dúvidas sobre as políticas fiscal e econômica estão entre as causas citadas por agentes econômicos e investidores para uma menor confiança no Brasil.
Para Mantega, o pior momento da economia devido à crise global já passou, tanto para o mundo quanto para o Brasil.
O ministro evitou fazer prognósticos sobre o desempenho do PIB no terceiro e no quarto trimestres, afirmando que os dados disponíveis "são incipientes". Em termos qualitativos, disse que a trajetória do Brasil é de crescimento moderado até o fim do ano, ainda que, admitiu, isso não seja linear.
Olhando mais à frente, Mantega declarou que em 2014 o país deve voltar a apresentar uma taxa média de crescimento de 4 por cento.
Sobre o segundo trimestre, Mantega comentou que o país teve um "crescimento de qualidade", puxado por agricultura, indústria e investimentos, destacando que o país caminha para ter um bom desempenho da formação bruta de capital fixo --uma medida do investimento que subiu 3,6 por cento de abril a junho ante o primeiro trimestre.
Em relação ao consumo das famílias, que teve alta de 0,3 por cento no segundo trimestre ante o primeiro, Mantega avalia que tende a acelerar nos próximos meses, embora esteja crescendo menos.
CÂMBIO
Questionado sobre a recente disparada do dólar ante o real, Mantega disse que o movimento no câmbio se deve principalmente ao mercado futuro, e não é necessariamente por saída de dólares do país.
A moeda norte-americana chegou a ser negociada a 2,45 reais na semana passada, no maior nível em quase cinco anos. O Banco Central iniciou em 23 de agosto um programa de intervenção diária no câmbio para prover liquidez e hedge. Nesta sexta-feira, o dólar valia cerca de 2,38 reais por volta das 13h.
Mantega reafirmou que as incertezas sobre a continuidade do programa de estímulo monetário pelo Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, têm causado turbulências nos países emergentes.
Segundo o ministro, tem havido ingresso de capitais no Brasil e o governo possui instrumentos para moderar movimentos bruscos no câmbio.