Médico que não passar na avaliação retorna para seu país
atualizado | 26-08-2013 | 17:14:17 | JornaldoSurdo
Se o desempenho dos médicos estrangeiros não for considerado satisfatório no curso de 21 dias sobre legislação médica brasileira e língua portuguesa a que se submetem, eles serão desligados do programa Mais Médicos e voltarão aos seus países. A informação é do Ministério da Saúde.
Segundo o professor Rodrigo Cariri, que coordena o curso no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no município metropolitano de Vitória de Santo Antão, a avaliação dos profissionais será permanente, diária, ao longo do curso, e ao seu final, testarão seus conhecimentos da língua portuguesa em provas escrita e oral.
Cento e quinze médicos iniciaram o curso nesta segunda-feira (26). De acordo com Cariri, que é coordenador do curso de Medicina da UFPE em Caruaru, no agreste, o curso, todo em português, abordará a formação do povo brasileiro e os aspectos sociais, econômicos e políticos do país, os protocolos e parâmetros médicos e os aspectos éticos e legais da prática da medicina.
Seis professores estão encarregados do curso. Outros 20 professores da atenção primária se ofereceram para ajudar no acompanhamento dos estrangeiros nos locais onde irão atuar, acompanhando também a estrutura de farmácia, medicamentos, insumos disponíveis.
Cariri não acredita em mau desempenho. Ele destacou o perfil dos cubanos, que são maioria. "Todos eles têm mais de 10 anos de formados, todos já cumpriram missão em outros países, todos têm residência em medicina da família e comunidade, 20% deles têm mestrado e 40% têm mais de uma especialização além da residência.".
VEJA ARGUMENTOS A FAVOR E CONTRA O PROGRAMA MAIS MÉDICOS
PRÓS | CONTRAS |
O programa vai aumentar o número absoluto de médicos em atuação no Brasil (hoje há 1,8 profissionais para cada 1.000 habitantes). Na Argentina, esse índice é 3,2; em Portugal, 3,9 e na Espanha, 4) | Sem o Revalida, o médico estrangeiro poderá colocar a vida do paciente em risco, já que sua capacidade não foi testada adequadamente. Eventuais defasagens no currículo não podem ser supridas em apenas três semanas (período de treinamento para os estrangeiros) |
Vai levar médicos para áreas onde há carência desses profissionais (em certos Estados há só 0,58 profissionais por habitante, como no Maranhão) | Dificuldades com a língua portuguesa podem trazer problemas de comunicação entre o médico e o paciente |
Permite melhorar o conhecimento dos profissionais em atenção básica e saúde pública, áreas nas quais os recém-formados não costumam ter interesse em atuar | O programa não resolve a questão da falta de infraestrutura, nem a falta de outros profissionais importantes para o atendimento à população, como fisioterapeutas, dentistas, enfermeiros, nutricionistas etc |
O programa vai melhorar o atendimento à população indígena que vive em regiões distantes e carentes onde os médicos não chegam | Os estrangeiros podem não ter conhecimento suficiente sobre as doenças tropicais que assolam o país, como a dengue |
Os empregos dos médicos brasileiros não estão ameaçados, porque os estrangeiros só atuarão em locais pré-determinados. Se eles fizessem o Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira), aí sim poderiam atender em todo o país | Os estrangeiros podem não ter conhecimento suficiente de certos medicamentos e equipamentos utilizados no país |
O programa deve suprir uma demanda imediata e agilizar a regularização do sistema de saúde, dado o longo tempo de formação de novos médicos | Os médicos inscritos no programa têm vínculo empregatício precário: não têm 13º salário, não recebem horas extras nem FGTS |
Ainda que o foco do programa não seja a infraestrutura, extremamente precária em certas regiões, a população terá acesso ao médico | Com o acordo para a vinda de médicos de Cuba, o governo está sendo conivente com um esquema de trabalho que é alvo de críticas: os profissionais recebem apenas parte da bolsa |
com o Estadão Conteúdo