Com inflação elevada, renda média dos trabalhadores tem quinta queda consecutiva.
atualizado | 22-08-2013 | 15:03:36 | JornaldoSurdo
Com a inflação em patamar elevado, a renda média dos trabalhadores teve a quinta queda consecutiva em julho, informou nesta quinta-feira o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O rendimento em julho ficou em R$ 1.848,40, 0,9% abaixo do registrado em junho.
"Há uma influência da inflação e da perda no poder de compra [dos trabalhadores] por outros motivos, como correções [menores] e reduções de salários", afirma Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial da inflação, acumula alta de 6,27% nos 12 meses encerrados em julho, próximo do teto da meta do governo (6,5%).
Já no confronto entre julho e o mesmo mês de 2012 houve elevação de 1,5%. Apesar de haver crescimento nesse caso, ainda assim o resultado foi considerado modesto por analistas.
"Este evidente enfraquecimento dos ganhos reais vem sendo observado desde dezembro de 2012", afirmaram em relatórios os especialistas da consultoria LCA.
VEJA O RENDIMENTO MÉDIO POR CATEGORIA
Categorias de posição na ocupação | jul.2012 (em R$) | jun.2013 (em R$) | jul.2013 (em R$) | variação mensal (em %) | variação anual (em %) |
---|---|---|---|---|---|
Empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado | 1.682,17 | 1.717,97 | 1.718,90 | 0,1 | 2,2 |
Empregados sem carteira de trabalho assinada no setor privado | 1.322,48 | 1.363,88 | 1.370,50 | 0,5 | 3,6 |
Militares e Funcionários Públicos | 3.105,99 | 3.144,29 | 3.144,00 | 0 | 1,2 |
Pessoas que trabalharam por conta própria | 1.572,87 | 1.591,40 | 1.561,70 | -1,9 | -0,7 |
SINAL DE MODERAÇÃO
Além de um rendimento menor, outra demonstração da perda de força do mercado de trabalho foi a mudança na taxa de desemprego na comparação anual.
Pela segunda vez consecutiva, a taxa ficou menor nesse tipo de confronto: em junho de 2013 foi de 5,6%, enquanto no mesmo mês de 2012 estava em 5,4%. Estatisticamente, o IBGE considera que, apesar da queda numérica, o resultado é estável.
Para a LCA, é "mais um sinal de moderação no mercado de trabalho".
O aumento ante o mesmo mês do ano anterior ocorreu em maio pela primeira vez desde outubro de 2009, interrompendo uma sequência de quase quatro anos de redução contínua do desemprego.
COMPARE A TAXA DE DESOCUPAÇÃO POR REGIÃO
Região metropolitana | Taxa de desocupação (em %) | Rendimento médio real da população (em R$) |
---|---|---|
Recife | 7,6 | 1.350,70 |
Salvador | 9,3 | 1.432,60 |
B. Horizonte | 4,3 | 1.821 |
Rio de Janeiro | 4,72 | 1.949,50 |
São Paulo | 5,8 | 1.954,70 |
Porto Alegre | 3,72 | 1.856,70 |
FONTE: IBGE
CAGED
Já na passagem de junho para julho, a taxa de desemprego caiu de 6% para 5,6%. A queda foi puxada especialmente pelo resultado de São Paulo --a taxa passou de 6,6% para 5,8%. Nessa região metropolitana, a população desocupada caiu 12,2% entre junho e julho.
Essa queda da taxa na comparação mensal mostra um descolamento entre a pesquisa do IBGE e a do Ministério do Trabalho. O Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mede quantos trabalhadores assalariados foram admitidos e quantos foram desligados, sendo que o saldo é o resultado de admissões menos demissões.
Ontem, o ministério divulgou que pela primeira vez desde 2003, o mês de julho registrou fechamento de vagas com carteira assinada nas regiões metropolitanas. O saldo ficou negativo em 11.058 postos nas nove regiões metropolitanas avaliadas.
Sobre as diferenças no resultado, o coordenador afirmou que "teoricamente as pesquisas tendem a se aproximar", mas isso não ocorre em todos os meses porque há diferenças nas metodologias e nas regiões pesquisadas.
A Pesquisa Mensal de Emprego é realizada nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
O levantamento do IBGE é feito por meio de um levantamento amostral, por meio de entrevistas com a população, o que inclui trabalhadores formais e informais. Já o ministério utiliza dados informados pelas empresas apenas de registros formais.
com a Folha de S.Paulo