Deputados quebram acordo e fatiam Orçamento Impositivo.
atualizado | 27-11-2013 | 21:29:13 | JornaldoSurdo
Parlamentares decidiram separar o conteúdo da proposta em duas PECs. Os projetos tratarão sobre emendas parlamentares e repasses para saúde
Plenário da Câmara dos Deputados (Banco de imagens da Câmara dos Deputados)
Após uma sessão tumultuada e com a presença de deputados ligados à área da saúde, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira o fatiamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que torna obrigatória a liberação das emendas de parlamentares. Ao contrário do que foi acordado com o governo, o texto aprovado foi dividido em duas PECs e permitirá que a execução das emendas e o investimento na saúde sejam analisados separadamente.
O desmembramento da PEC ocorreu após um alinhamento da base com a oposição, o que garantiu a aprovação por 37 votos favoráveis e 22 contrários.
O Orçamento Impositivo determina que as emendas parlamentares, hoje no valor de 15 milhões de reais, sejam totalmente liberadas para serem investidas nos redutos eleitorais de deputados e senadores. No entanto, o recurso atualmente não é liberado em sua totalidade e serve como uma moeda de troca entre o Legislativo e o Planalto.
O governo passou a aceitar a execução obrigatória das emendas parlamentares após um acordo para vincular 50% das emendas para a saúde. No entanto, após pressão do Planalto, os senadores recusaram a proposta que tornava obrigatória a aplicação de 18% da Receita Corrente Líquida para saúde pública até 2018. Prevaleceu a versão aceita pelo governo, que prevê 15% da Receita Corrente Líquida para a saúde em 2018, com um aumento gradual nos próximos anos.
Nesta quarta-feira, em uma ação comandada pelo deputado e médico Ronaldo Caiado (DEM-GO), a PEC foi dividida em duas propostas. A primeira prevê destinação de 50% das emendas impositivas para a saúde e a aplicação de 1,2% das Receitas Correntes Líquidas de cada ano em emendas parlamentares.
Já a segunda PEC retira do texto a previsão de aplicação de 15% RCL e dá prioridade à proposta que determina 18,7% da RCL até 2018, começando com 15% já no próximo ano e tendo um aumento gradual. De acordo com Caiado, a proposta, da forma que foi apreciada pelo Senado, representaria uma perda de 30 bilhões de reais no orçamento da saúde em relação ao projeto que tramita já na Câmara.
Apenas PT, PMDB e PR se posicionaram contra o desmembramento. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que a mudança “deve ser um complicador” para o andamento da matéria.
- Por que as emendas são importantes?
Porque, por meio delas, os deputados conseguem destinar recursos aos seus redutos eleitorais. A inauguração de uma ponte ou uma quadra esportiva rende dividendos políticos com a população e com prefeitos que fazem parte da rede de apoio ao deputado ou senador. Nos últimos anos, muitos casos de corrupção envolvendo emendas parlamentares também vieram à tona. A dificuldade na fiscalização dos recursos favorece os desvios. - Como funciona hoje?
Cada deputado tem direito a 15 milhões de reais em emendas individuais ao Orçamento anual. Mas cabe ao governo federal decidir se aplica ou não os recursos. A presidente Dilma Rousseff, alegando razões econômicas, cortou boa parte das emendas nos três anos de seu governo. - Como ficaria com as novas regras?
O governo teria de aplicar em emendas 1% da Receita Corrente Líquida da União. Em 2013, isso equivale a 6,75 bilhões de reais - 11,3 milhões por parlamentar. Se houver risco de o governo fechar o ano no vermelho e surgir a necessidade de um corte, as emendas só podem ser contingenciadas na mesma proporção que atingir o restante do Orçamento.
com a Veja